Principais dados da pesquisa:
- A presença masculina é maior que a feminina nos cursos de STEM (acrônimo em inglês para ciências, tecnologia, engenharias e matemática): eles eram 74% dos ingressantes em 2023;
- Entre 2013 e 2023, o ritmo de crescimento do ingresso de homens nesses cursos foi o dobro (56%) do que o de mulheres (29%);
- Já a taxa de conclusão dos cursos entre elas é maior do que a deles ao longo da década;
A taxa de conclusão das brasileiras em cursos STEM (acrônimo em inglês para ciências, tecnologia, engenharias e matemática) foi maior do que a dos homens entre 2013 e 2023, de acordo com levantamento da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, a partir de dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Porém, desde 2020, primeiro ano da pandemia, esse indicador caiu 48% para elas e 36% para eles. Para calcular essa taxa, foi considerado o total de ingressantes e o total de concluintes em cada ano.
Na década analisada, o número absoluto de mulheres que entram nas graduações em ciências exatas e biológicas tem aumentado, passando de 176.547 em 2013 para 227.317 em 2023, uma alta de 29%. No mesmo período, o crescimento dos calouros homens foi o dobro, chegando a 56%.
A presença masculina permanece muito maior do que a feminina nesses ambientes. Em 2023, eles eram 74% dos ingressantes e elas, 26%. Proporcionalmente, o ingresso de mulheres tem caído desde 2013, quando era de 30%.
Se, no início da graduação, eles levam vantagem, no fim, os dados indicam o inverso. Em todos os anos analisados, a taxa de conclusão feminina ficou acima da masculina, chegando, respectivamente, a 53% e 37% em 2019. A partir de 2020, contudo, esse indicador cai para ambos os gêneros, mas em mais intensidade para elas (48%) do que para eles (36%).
Do total de concluintes em 2023, 71% se identificaram como homens e 29% como mulheres. Os percentuais são semelhantes ao longo da década: entre 2017 e 2019, elas chegaram a 34%, pico deste indicador.
“Os dados indicam que a presença masculina segue preponderante no ambiente acadêmico de ciências, engenharia, matemática e tecnologias, indicando que ainda há barreiras para atrair brasileiras para esses cursos. E a maior prova disso é que, mesmo em menor número, todos os anos a taxa de conclusão é maior entre as mulheres do que entre os homens”, afirma Marcelo Tokarski, CEO da Nexus. “Agora, o estudo aponta para uma realidade preocupante: desde a pandemia de Covid, a taxa de conclusão vem caindo entre elas e elas, mas em maior intensidade entre as mulheres, provavelmente reflexo de impactos econômicos, como o desemprego ou a queda na renda, e de questões envolvendo as tarefas de cuidado das famílias”, reforça
Em queda na última década, presença feminina ainda é maior nas engenharias
A classificação STEM inclui 3 grandes grupos:
- ciências naturais, matemática e estatística: 22 cursos ligados a ciências naturais, como biologia, física, química, geologia;
- computação e tecnologias da informação e comunicação (TIC): 19 cursos, incluindo ciência da computação, inteligência artificial e outras graduações ligadas ao ambiente digital;
- engenharia, produção e construção: 88 graduações, incluindo arquitetura e urbanismo.
O último grupo reúne quase metade (48%) das ingressantes de 2023. Em segundo lugar, com 43%, está o grupo da computação. Já a área que reúne cursos ligados a ciências naturais, estatística e matemática, registra 9%. Quando consideramos os dados gerais, incluindo também os homens, o grupo da computação predomina, com 54%, seguido por engenharias (40%) e ciências naturais, matemática e estatística (5%).
Apesar de as engenheiras representarem o maior grupo no ano mais recente do levantamento da Nexus, ao analisar os dados da década, a tendência é de queda no número de calouras. Entre 2013 e 2023, houve recuo de 21%. Por outro lado, a área da computação cresceu 368% entre elas. Já a das ciências naturais, matemática e estatística subiu 11% no mesmo intervalo.
A ordem em relação às mulheres concluintes é a mesma das ingressantes, mas com ainda mais destaque para o grupo das engenharias. Levantamento da Nexus mostra que, de todas as formandas de 2023, 65% são desse grupo, outros 23% da área de computação e 12% de ciências naturais, matemática e estatística.
A taxa de conclusão neste mesmo ano – relação entre total de ingressantes e de concluintes de cada gênero em 2023 – por sua vez, é mais alta para elas no grupo das engenharias (37%), seguida pela área das ciências naturais (35%) e computação (14%), resultados semelhantes ao do quadro geral, com ambos os gêneros. A última categoria é a única em que a taxa de conclusão masculina é maior neste ano, de 17,7%.
Quando analisamos os dados da década, nas engenharias, essa taxa entre as mulheres é superior do que a dos homens desde 2014, com ápice em 2019 (63,9%) e queda desde então, mesmo comportamento dos dados gerais.
No grupo das ciências naturais, em todos os anos analisados, a taxa de conclusão feminina é superior à masculina, com ápice em 2017 (49,7%) e oscilação nos anos seguintes. Já na área de computação, as mulheres tiveram um desempenho melhor neste indicador até 2018. De 2019 em diante, essa tendência se inverteu.
“Esses dados sinalizam que, de modo geral, o melhor desempenho acadêmico das mulheres é nas áreas de engenharia, ainda que tanto o ingresso quanto a taxa de conclusão nesses cursos tenha caído nos últimos anos. Já na computação, apesar de o levantamento indicar um ambiente de maior dominância masculina, o número de calouras mais que triplicou na última década. Esse pode ser um indicativo de que, ainda que haja barreiras para participação equitativa dos gêneros na área, há um interesse maior das brasileiras em atuar com novas tecnologias”, afirma Tokarski.
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