Destaques
- 138 candidatas mulheres receberam entre zero e 10 votos, 14,5% das candidaturas femininas. São apenas 5,25% de homens na mesma situação;
- Em números absolutos, MDB é o partido com mais mulheres nessa situação (1.887 ou 13% das candidatas mulheres da legenda). Proporcionalmente, PCO lidera o ranking, com 25% das candidaturas de mulheres da sigla nessa situação (15 em números absolutos);
- Apenas um partido (Unidade Popular) teve maioria de candidatas mulheres;
- Apenas um quarto (26%) dos recursos analisados foram para candidaturas femininas. Em média, elas tiveram R$ 10.870,00 disponíveis, 65% do valor médio recebido pelos homens (R$ 16.822,00
De todas as 159.005 candidatas mulheres nas eleições de 2024, 23.138 (14,5%) tiveram de zero a dez votos, apenas. São 15.982 homens na mesma situação, o equivalente a 5,25%. Dos R$ 6,5 bilhões arrecadados pelos candidatos, apenas um quarto (26%) foram para candidaturas femininas. Em média, elas tiveram R$ 10.870,00 disponíveis, 65% do valor médio recebido pelos homens (R$ 16.822,00)
O levantamento inédito e exclusivo foi elaborado pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, da FSB Holding, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), coletados em 29 de outubro. O prazo para prestação de contas do primeiro turno é 5 de novembro e 16 de novembro para o segundo turno.
Em números absolutos, o MDB é o partido com mais mulheres que tiveram entre zero e 10 votos. São 1.887 candidatas nessa situação, o equivalente a 13% das mulheres que disputaram votos pela legenda. Em seguida, está o PSD, com 1.711 candidatas com até 10 votos, número que também equivale a 13% das mulheres que disputaram votos pelo partido.
Já proporcionalmente às candidaturas femininas nas legendas, o PCO lidera o ranking, com 25% das candidaturas de mulheres nessa situação (15 em números absolutos), seguido pelo PRTB e pela Rede, ambos com 22% (respectivamente, 321 e 351, em números absolutos), e pelo Mobiliza (21% ou 473 no total). Na sequência, está o Agir e o Partido da Mulher Brasileira (PMB), ambos com 20% (respectivamente, 512 e 298, em números absolutos).
MULHERES COM ATÉ 10 VOTOS X PARTIDO
As barras representam o total de candidatas nessa situação em cada legenda e a linha o percentual em relação a todas candidaturas femininas da sigla
No grupo de mulheres com até 10 votos, 44% são autodeclaradas pardas, seguidas por brancas (41,4%), pretas (12,8%), indígenas (0,7%) e amarelas (0,4%).
Mulheres só são maioria em um partido
A Unidade Popular (UP) é o único partido em que as candidatas mulheres são maioria (53%). Em segundo lugar no ranking, está o PCdoB, com 41% de candidaturas femininas, seguido pelo Psol, com 40%. Já do lado oposto, o PCB registrou 31% de candidaturas femininas, um ponto percentual acima dos 30% exigidos por lei, seguido pelo PL, com 33%. Em seguida, 18 partidos aparecem com 34% de mulheres na disputa.
Proporcionalmente, quem lidera com maior número de candidatas autodeclaradas pretas também é a UP, com 37% de mulheres neste grupo, seguido pelo PCB (36%) e pelo PSTU (34%). Já o PCdoB lançou, proporcionalmente, mais candidatas autodeclaradas pardas (47%), seguido pelo Agir e Avante, ambos com 45%. Mobiliza e Democracia Cristã (DC) aparecem na sequência, com 44%.
Mulheres tiveram apenas um quarto dos recursos disponíveis
Em relação ao financiamento, a Nexus considerou o valor de R$ 6,5 bilhões de recursos provenientes de transferências entre prestadores de contas, possível de rastrear os dados de gênero. O montante total disponível informado na data de coleta dos dados (29/10) para ser gasto com a eleição municipal era de R$ 13,9 bilhões, o que inclui diferentes tipos de recursos, como dinheiro e bens disponibilizados para campanhas.
Considerando tanto a receita pública quanto a privada analisadas, as candidaturas femininas tiveram disponível apenas um quarto (26%) de todos recursos. A diferença é ainda maior considerando só os doadores privados: só 18% dessas receitas foram para mulheres. Já 28% dos recursos públicos foram para elas. Em média, cada candidata teve disponível R$ 10.870 para fazer campanha, R$ 5.952 a menos que a média de R$ 16.822,00 disponíveis para cada candidato homem, o equivalente a 65%.
Entre as mulheres, as candidatas autodeclaradas brancas tiveram a maior média de receita: R$ 12.550,00, seguidas pelas pretas (R$ 11.807,00) e pardas (R$ 8.858,00).
Ao comparar tanto dados raciais quanto de gênero, a maior diferença no valor médio recebido está entre homens e mulheres brancas, chegando a R$ 10.082,00 a mais para eles. Entre candidatos pardos, os homens receberam, em média, R$ 3.705 a mais. Já entre candidatos pretos, as mulheres receberam R$ 2.751 a mais.
“Embora existam normas de número mínimo de candidaturas e valores para o financiamento de mulheres na política, o levantamento da Nexus mostra que a promoção da equidade não foi uma prioridade nas campanhas municipais. Além da disparidade de receitas, a frequência maior de mulheres com poucos votos pode ser um indicativo de que os nomes foram escolhidos apenas para cumprir a cota, e não para ampliar a representatividade feminina de fato”, afirma Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.
Os partidos são obrigados a disponibilizar um valor proporcional às candidaturas de cada gênero. Se tiver 30% de candidatas mulheres (cota mínima), 30% do fundo eleitoral e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas eleitorais precisa ir para elas, de acordo com emenda feita à Constituição em 2022.
A distribuição deverá ser realizada conforme critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse partidário. Como a prestação de contas não foi finalizada e inclui diversos critérios, como, por exemplo, bens disponibilizados para as candidatas mulheres, ainda não é possível identificar quantos partidos cumpriram a exigência legal de financiamento.
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