Quase 1/3 das mulheres negras não se separam do agressor

estudos divulgados

Pesquisa do DataSenado e da Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, registra ainda que 73% da violência doméstica que mulheres negras sofrem provocada por um homem é feita por maridos, namorados, ou ex-parceiros.

A permanência na relação mesmo em situação de violência doméstica é a realidade de muitas mulheres negras: 28% afirmaram continuarem casadas com o agressor e outros 72% se separaram do responsável pela violência. Quando a agressão é provocada por um namorado, o rompimento é mais frequente: 94% das mulheres negras já não estão mais no relacionamento.

Os dados são da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra feita pelo DataSenado e pela Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência A pesquisa procura traçar um quadro da violência contra a mulher negra no Brasil e mostra ainda que a violência influenciou, em 95% dos casos, o término nos relacionamentos em que a vítima decidiu se separar, tanto em namoros quanto casamentos.

Das mulheres pretas e pardas entrevistadas, 31% responderam já terem sofrido violência doméstica ou familiar causada por um homem. Apenas 1% identificou o agressor como outra mulher. Entre as que relataram terem sido agredidas por um homem, 53% afirmaram que foi pelo companheiro, 13% identificaram o ex-marido como agressor, 5% o namorado e 2% o ex-namorado. Fora de um relacionamento amoroso, o irmão é o maior responsável pela agressão a essas mulheres (4%) seguido pelo pai (3%).

No momento da agressão mais grave, ciúmes foi a circunstância mais citada pelas entrevistadas (51%), seguida por não se conformar com o término do relacionamento (48%),estar bêbado (44%) e drogado (18%).

No momento da agressão mais grave, a pessoa estava

Com ciúmes 51%
Inconformada com o término do relacionamento 48%
Bêbada 44%
Drogada 18%
Endividada 18%
Estado normal 7%
Outra situação 15%

 

CONTEXTO – Por que somente mulheres negras?

O Mapa Nacional da Violência de Gênero, lançado em novembro de 2023, reúne informações de diversas bases. Os dados usados revelaram um quadro alarmante em que mulheres negras são desproporcionalmente vitimadas pela violência. Em particular, dados extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) – base alimentada por registros de doenças de notificação compulsória ao Sistema Único de Saúde (SUS) – mostram que, em 2022, 202.608 brasileiras sofreram algum tipo de violência, sendo que a maioria (55%) eram mulheres negras (112.162 brasileiras pretas e pardas).

Além disso, informações do Sistema Nacional de Segurança Pública (Sinesp) indicam que, entre as mulheres vítimas de violência sexual cujas ocorrências policiais incluíam o registro de cor/raça (8.062), 62% (5.024) eram pretas ou pardas.

Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) evidenciam outro dado alarmante: entre as 3.373 mulheres assassinadas em 2022, cujas informações de raça e cor foram registradas, 67% eram negras (2.276). Diante disso, a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher foi aprofundada com um recorte específico para mulheres negras a fim de tentar entender as particularidades das vivências e opiniões das mulheres negras em relação à violência de gênero.

A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra considerou como negras as mulheres autodeclaradas pretas ou pardas.

 METODOLOGIA

Essa é a maior pesquisa de opinião sobre o tema feita no Brasil. Entre 21 de agosto a 25 de setembro de 2023, 13.977 brasileiras negras de 16 anos ou mais foram entrevistadas por telefone, em amostra representativa da opinião da população feminina negra brasileira. As amostras do DataSenado são totalmente probabilísticas. Nas entrevistas são feitas perguntas que permitem estimar a margem de erro para cada um dos resultados aqui divulgados, calculados com nível de confiança de 95%.

Dessa forma, não existe uma única margem de erro para toda a pesquisa. Não obstante, considerando todas as estimativas para tabelas simples, sem cruzamentos, tem-se que, em média, a margem de erro observada nas estimativas foi de 1,44%, com desvio padrão de 1,33%. As entrevistas foram distribuídas por todas as unidades da Federação.

SOBRE O DATASENADO
O Instituto de Pesquisa DataSenado tem 20 anos de história e foi criado para reforçar a representação parlamentar federativa do Senado Federal. Este levantamento  integra série histórica iniciada em 2005 e tem por objetivo ouvir cidadãs brasileiras acerca de aspectos relacionados à desigualdade de gênero e a agressões contra mulheres no país. Para celebrar a décima edição da pesquisa, o tamanho da amostra foi ampliado de forma considerável, o que permitiu, pela primeira vez, analisar-se os dados por estado e pelo Distrito Federal.

SOBRE O OBSERVATÓRIO DA MULHER CONTRA A VIOLÊNCIA
O Observatório da Mulher contra a Violência foi criado em março de 2016 pelo Senado Federal com o objetivo de ser uma plataforma de referência nacional e internacional de dados, pesquisa, análise e intercâmbio entre as principais instituições atuantes na temática de violência contra mulheres.

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